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—Como isto é fundo! exclamou o capitalista, chamando a attenção da noiva para o conselho em portuguez.

—E o senhor, perguntou Monica, no seu tempo de casado seguio isso á risca?

—Como seguiria, se é agora que sei disto?! Ah! se eu em outro tempo adivinhára... e engasgou-se com o resto. Mas, proseguio, cá me fica no canhenho; conselhos como estes não se perdem.

Confessemos, o capitalista não andava corrente com o Codigo do Bom-Tom. Declarar á noiva que um aphorismo de tal jaez lhe ficava no canhenho, foi falta de tino imperdoavel.

Monica, que lia Alphonse Karr e tencionava dar um pulo até á França para comprimentar o autor das Guêpes, com o que o Sr. Alphonse Karr, por sem duvida, muito se lisongearia, não contendeu.

Na manhã do dia seguinte pespegou ao capitalista em carta este bofetão:

«Senhor.—Toda a noite considerei no conselho de hontem e não me convenci que seja o marido quem deva pegar no somno depois da mulher e acordar antes della, por